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quarta-feira, 21 de julho de 2010

Os mundos complementares da China

 Por Bernadette Siqueira Abrão
 
A idéia de que o mundo é regio por forças misteriosas e de que cabe ao imperador intermediar entre o homem e Shang-Ti, a divindade celeste, surge na China do século XVI a.C. A felicidade depende da sabedoria desse soberano e das corretas consultas ao I Ching - O Livro das mutações. No cerne de cada situação, ou de cada ato, atuam duas forças opostas (e, quando bem entendidas, complementares): o Yin e o Yang. Longe de pólos opostos que representariam bem e mal, luz e trevas, certo e errado, em eterna luta, eles são, na verdade, a ação e a reação inerentes à natureza e ao homem. O universo contém o que é móvel e o que é imóvel. Relativo e absoluto, masculino e feminino, céu e terra, ação e repouso são algumas das infinitas combinações que se devem apreender para captar a realidade.
Esse conjunto de ideias está presente em duas correntes, que embora adversárias, têm raízes comuns na tradição chinesa: confucionismo e taoísmo. O primeiro , fundado por Confúcio (c. 551-479 a.C.), é uma sistematização ético-filosófica destinada a manter a estabilidade (e,portanto, a felicidade) da nação. O imperador deve ser sábio e dar exemplos edificantes, assim como o pai aos filhos. O homem digno deve trabalhar muito, contentar-se com pouco, ter paciêncianas desventuras, respeitar sempre os superiores.
O taoísmo despreza sumariamente valores sociais família ou governo. Tudo isso, mais desejos e egoísmo são artifícios passageiros como prega Lao-tsé (Velho Mestre), que se supõe ter vivido de 604 a 531 a.C. Em seu Tao Te Ching (Livro do Sentido da Vida), ele fala do indefinível, o Tao, ao mesmo tempo meta e caminho, lago que contém o yin e yang, mas que os transcende numa harmonia superior.
De intenso conteúdo místico, o taoísmo propõe renunciar aos atos de vontade, ignorar o sucesso e a desgraça, contemplar o curso natural das coisas e saber quando convém agir ou abster-se. Pode-se, assim, aderir placidamente ao ritmo da vida e identificar-se, em cada pequeno gesto, com o que se chama de "realidade impenetrável".

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